24 de dezembro de 2007

Na Neve



Tâmara Lempicka



No topo da montanha olhámos um para o outro, ambos de óculos postos batons na mão, golas levantadas como que a desafiarmo-nos.
Só lhe vi os olhos castanhos doces, divertidos como a dizer-me que não seria capaz de descer aquela íngreme pista.

Espraiando o olhar, quase até ao infinito, era tudo de uma brancura imaculada, mais ao longe o Sol vestia-a de prata.

Desafiando-o virei-lhe as costas e comecei a descida, o vento a dar-me na cara, gelado, a felicidade transbordando, a uma velocidade vertiginosa.
Fui ultrapassada pelos olhos castanhos, que me sorriu. Imprimi maior velocidade, sempre atenta à curva que se adivinhava.
Quando acabei a descida já ali não estava.

Nessa noite tínhamos combinado que iríamos dançar.
Já a noite ia alta na pista quando me senti agarrada por uns braços que me diziam baixo, que tinha sido louca, descer aquela pista à velocidade que o tinha feito, era loucura.
Já a gargalhada tinha estalado, quando me virei para aqueles olhos tão doces e me deixei embalar pelos seus braços.

Ah a dança, que erótica pode ser!
Braços levantados rodeando-lhe o pescoço, abandonando-me às mãos que percorriam o meu corpo, encostando-me cada vez mais, quando a sua boca devorou a minha.

Num instante, dei por mim no seu carro a caminho do nada, pensei eu.
Mais uma vez me surpreendeu quando chegámos ao meu hotel, entrando no seu quarto.
Tirado o casaco a música continuou e tornámos a dançar como se não soubéssemos viver de outra maneira.

Ainda e sempre colada a ele, fui despida, por mãos sapientes e gemendo lhe fui tirando a roupa.
Não parava de me tocar e só queria que continuasse, por fim baixinho disse-me sussurrando ao ouvido que me queria ouvir pedir por mais

Resisti. Não queria pedir.
Ele teria que o fazer, por já não poder aguentar.
Fui chupada, mordida, lambida e sem mais poder, gritei que queria mais.
Por fim veio a felicidade final

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