Vêm sempre na mesma carruagem.
Ele com ar dominador, de quem se sabe bom, sorriso convencido, mãos habilidosas.
Ela, ela desejosa, sempre de vestido ou saia, corpo perfeito, sorriso encantador.
E é sempre a mesma coisa, ele a ela encostado sem nada dizerem, sempre rodeados por gente que tal como eu nada vêem.
Eles de mãos vadias, habituadas a escorrerem por corpos, que escaldam quando lhe tocam, anestesiando-a.
Ela deixando-o fazer, lábios entreabertos, gozando o toque, afastando as pernas para se pôr mais a jeito, ou abrindo mais o decote para lhe facilitar o toque.
Ele não se cansa de com as mãos a correr, ela oferecendo-se sempre mais.
Ele roçando-se, pega-lhe nas mãos e põe-nas onde ela o pode afagar
E assim vão, todo o caminho que juntos fazem.
Até que se ouve: - próxima estação Algueirão
Então ele abraça-a, afasta-se e ela fica com ar de quem a vida ou a vontade tiraram
E já com as portas a fechar, vira-se ainda e com sorriso sardónico avisa
- Amanhã à mesma hora
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