4 de julho de 2008

Arrepios XX...

Pediu simplesmente um café e uma tosta, que não chegou a acabar, porque a raiva não o deixava engolir. Não estava irritado por a ter encontrado ali, mas sim por ela ter duvidado dele. Segui-la era a última coisa que faria na vida. Não se andavam a entender bem, mas nunca duvidou dela, nem pensou que algum dia ela duvidasse dele.

Tinha saudades do riso contagiante dela, do seu sorriso sincero e, pensando bem, era sobretudo pelo actual sorriso amarelo, pelo semblante indiferente e pela ausência de intimidade e diálogo, que os últimos meses lhe provocavam um mau humor crescente.

Adormeceu a pensar na mulher. Embora ele discordasse sempre, ela própria afirmava que não era bonita, simplesmente interessante.

Cativava a postura assumida naquele corpo delgado e seguro, mas o que realmente atraía eram os olhos, grandes e expressivos, duma face emoldurada por um longo cabelo desalinhado. Todo o rosto se iluminava quando a boca sorria, desde o brilho dos olhos aos lábios vermelhos. Era nessa altura, que a comum e vulgar silhueta, se transformava numa mulher atraente e esbelta.

O busto pequeno ganhava firmeza, os caracóis, que sacudia entre os dedos, soltavam-se no movimento descontraído de ombros e cabeça e toda ela ganhava uma luminosidade onde sobressaía o olhar requintado.

Devia ter-lhe calado as acusações com um beijo e as dúvidas com as mãos ávidas de desejo do corpo dela, mas optara erradamente por sair irritado e ofendido.

Despertou com o sol a bater-lhe na cara e o som do telemóvel a vibrar na madeira da mesa-de-cabeceira.

Tenho saudades do homem por trás da aparência rude...

Podes ir-te embora ou podes conquistar a desconhecida como há 5 anos...


Pestanejou, sentou-se na cama e leu as duas mensagens, repetidamente, para ter a certeza que estava acordado. Num golpe de mestre, puxou para o lado o lençol branco com letras bordadas, saltou da cama e correu para a banheira, enquanto pensava Vamos jogar! Amo-te!

Com o cabelo negro ainda molhado, agarrou a carteira e o telemóvel e saiu acelerado, esbarrando com o mulherão que passava em frente à porta do seu quarto.

- Perdão!

- É bombeiro?

- Perdão?

- Com tanta pressa pensei que houvesse fogo
– respondeu-lhe ela com uma gargalhada sarcástica.

Riram-se ambos enquanto entravam no elevador, olhos nos olhos.

- Quer acompanhar-me na primeira refeição do dia?

- Seria um prazer, mas penso que ainda estou acompanhada.

- Perdoe-me, não reparei
– respondeu ele enquanto olhava irónico em redor e a porta do elevador se abria.

Facilitou-lhe a entrada na sala, retribuiu o cumprimento e ficou a observar o andar elegante, as pernas bem feitas e o rabo vigoroso. Um mulherão!

Escolheu a mesa livre junto à janela, de frente para o rosto de olhos grandes e lábios vermelhos, emoldurado por longos cabelos desalinhados. Fitou-a profundamente, numa manifestação de desejo e tesão incontida que a perturbou e a fez mexer no cabelo daquela forma elegante, como fazia sempre que ficava tensa.


O Outro

3 comentários:

Anónimo disse...

Desculpem lá mas.... essa senhora tem um problema qualquer não tem??!!! Vocês já repararam que tem os olhos amarelos????
ou tem um problema... ou é extra terrestre!!! Eu cá é que não me metia com ela, irra!!!

claras disse...

Se soubessem o prazer com que vos leio. ao outro, a ele, a ela e à outra...

e os arrepios que me fazem....
Vou chamar por alguém para vir apagar o fogo

beijinho

foryou disse...

Oh Roxane chama o Outro que o gajo parece que tem veia de bombeiro! A não ser que queiras debandar rápido, nesse caso chama o Ele!
lol