
Duas vezes ao dia em hora de ponta, corpos colados uns nos outros, cheiros
intensos, que não sei, habituada que estou, se bons ou maus.
São cheiros de metro.
Vulgar é haver mãos que se aproveitam, de nós, de mim, sardinha enlatada, mãos
que não sei de que corpo partem.
Não sei se me hei-de deixar ir só apertada entre todos aqueles corpos, balançada de
um lado para o outro, onde mãos se aproveitam do meu corpo, ou se me hei-de
agarrar aos varões, mais exposta ainda.
Sinto pelo meu corpo várias mãos, e as respirações ofegantes.
Quando quero largar o varão, sinto uma mão que me levanta a saia, e fico quieta a
sentir-lhe o calor que quase queima.
Devagarinho a mão sobe, arrastando-se pelas minhas pernas, esperando pela
reacção; devagarinho, também, entreabro-as, para ela se ir pousar onde deve.
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