5 de maio de 2008

Modelo I



Óleo sobre tela de Sebastia Boada


Estava na Cervejaria da Trindade, quando se chegou perto de mim, depois de não me ter largado toda a noite com os olhos, cinza os olhos, ímanes, por me ter feito tantas vezes para ele olhar.
Com ar um pouco arrogante, disse que era pintor e que gostava muito da minha cabeça pintar.
Olhei-o abismada, não sou feia mas também nada de especial, enquanto explicava, que tinha uma boa estrutura óssea, o pescoço alto e uma postura de cabeça que o encantava.
Os amigos, com quem estava, acharam a ideia genial. Mas a mim não me agradava assim tanto a genialidade da ideia. O pintor insistia que podia alguém levar para me fazer companhia, porque posar, para quem não estava habituada ia ser um pouco duro. Distribuiu cartões por todos, fazendo-os seus aliados.
Na semana seguinte, depois de tanta insistência por parte de amigos, por curiosidade e algum ego inchado, diga-se a verdade, lá fui posar acompanhada pela Mafalda.
O esboço ficou acabado no fim de oito cansativas horas. Fomos jantar as duas, depois de lhe ter dado o meu contacto, se precisasse de mim para acabar um ou outro pormenor.
O telefonema chegou dois dias depois, que necessitava de mim nessa tarde para ver um pormenor da nuca, coisa rápida. Lá fui, sem achar que valia a pena alguém maçar, por ser só um pormenor da nuca, coisa rápida.
Ao atelier chegada, explicou-me que precisava me mudasse, por querer pintar os ombros e o “pegar” da nuca de cabeça voltada, para apanhar uma das maçãs do rosto.
De costas voltadas, cabelo apanhado, pose fixada, ia-me pedindo que deixasse cair mais um pouco a camisa como se a fosse despir. Incomodada, voltei a cabeça para lhe perguntar…..
- Fixa a pose, fixa a pose, gritou.
E lá fixei a pose irritada.
Passado um pouco comecei a sentir as costas quentes, como se os olhos dele queimassem, e devagar, muito devagarinho, para ele não dar por isso, comecei a virar a cabeça, para ver o que nas minhas costas se passava; mas lá veio novamente o berro mal-humorado.
Senti o seu desejo, como se os seus olhos me atravessassem e me pudesse toda ver.
Mexi-me nervosamente. Então ele delicado veio por trás, agarrou na camisa para me ajudar a vestir, e beijou-me a nuca, os ombros, queimando, a minha pela arrepiada, sem me mexer, enquanto as suas mãos me tacteavam o peito, dizendo baixinho, que era tal e qual me tinha imaginado, que me fosse vestir que a sessão estava terminada…..por aquele dia.
Saí dali a sonhar, sem saber bem porquê, coisa tonta, mas cantando de alegria.

8 comentários:

Anónimo disse...

Ohhh que pena o meu imperador não ter jeito para o desenho!!! hahahaha
Eu até nem me importava que ele me falasse assim...meio brutinho...mas só de pensar...cruzes!!!! hahahahahaha
Beijinho Roxanne...adorei!!!
Cleo

Anónimo disse...

Seja lá por isso.Vou tirar 1 curso de pintura,serve?lolololol
Vocês mulheres são tramadas.Não há quem vos entenda,eu por mais q me esforce,não consigo.Chiça!Queixam-se quando falamos 1 pouquinho mais alto."Ai,não fales assim comigo.Bruto!"Mas afinal até gostam de nós brutinhos.Ora vê lá a conversa da Rainha,já para não falar do teu post Roxanne,gostaste do pintor brutinho foi?Pôs-te a sonhar?lolol
Vá-se lá entender as mulheres.Irra!Eu já desisti.lolol
Beijo às duas.
JC

claras disse...

Olá Cleo


Qualquer artista, principalmente os pintores, dizem as más línguas, que quando estão focados a pintar com modelos, são chatos pa caramba!

beijinhos
PS: era para ter escrito o segundo mas estive a mudar o template do Casa Comum, e acho que ficou melhor.

claras disse...

JC

não tive tempo de te responder, e já são estas lindas horas e eu por aqui ainda.

o Pintor, é bom que se farta

gargalhada

beijinho

Anónimo disse...

Pois pois!Já vi q era bom.Tu bem te ris,mas lá foste fazer o quadro todo.lolol
Beijo
JC

claras disse...

gargalhada! Claro!

Loulou disse...

São tão temperamentais os artistas...

hihihi

Beijinho

claras disse...

mas se o temperamento lhes der para estas coisas, não me importo de pousar onde ele quiser....


beijinho Loulou