27 de novembro de 2007

ESTADO DE PAIXÃO






Naquele dia, quando a ti me encostei

olhando a beleza que diante dos nossos olhos se espraiava,

quando senti as tuas mãos entreabrirem a minha blusa

e fazerem festas no meu ventre,

respiração sustida tal o prazer que subia em ondas,

arrepiando-me até à nuca,

ali mesmo, amor,

enquanto esperava que as tuas mãos descessem mais,

ali mesmo, as ondas de prazer

rebentaram os meus diques

e desfiz-me em ti.

26 de novembro de 2007

As mãos no meu corpo




Elena &Vitaly Vasilieva



Duas vezes ao dia em hora de ponta, corpos colados uns nos outros, cheiros

intensos, que não sei, habituada que estou, se bons ou maus.

São cheiros de metro.

Vulgar é haver mãos que se aproveitam, de nós, de mim, sardinha enlatada, mãos

que não sei de que corpo partem.

Não sei se me hei-de deixar ir só apertada entre todos aqueles corpos, balançada de

um lado para o outro, onde mãos se aproveitam do meu corpo, ou se me hei-de

agarrar aos varões, mais exposta ainda.

Sinto pelo meu corpo várias mãos, e as respirações ofegantes.

Quando quero largar o varão, sinto uma mão que me levanta a saia, e fico quieta a

sentir-lhe o calor que quase queima.

Devagarinho a mão sobe, arrastando-se pelas minhas pernas, esperando pela

reacção; devagarinho, também, entreabro-as, para ela se ir pousar onde deve.

25 de novembro de 2007

A PRIMEIRA VEZ



fotog. de Joaquim Nobre
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A primeira vez


Sem te conhecer e com medo que de mim pouco visses

fui ao teu encontro, amor, sabendo como já te queria.

Quando abriste a porta do carro e me beijaste,

soube que da tua boca não me queria separar

e para que ficasses, lambendo-te mordisquei-a.

Namorámos, sem vontade de nos largarmos

e no meio da rua, entre os teus braços,

enquanto me beijavas, vi-me amor, de tal

maneira, durante meses, te tinha desejado.