26 de novembro de 2007

As mãos no meu corpo




Elena &Vitaly Vasilieva



Duas vezes ao dia em hora de ponta, corpos colados uns nos outros, cheiros

intensos, que não sei, habituada que estou, se bons ou maus.

São cheiros de metro.

Vulgar é haver mãos que se aproveitam, de nós, de mim, sardinha enlatada, mãos

que não sei de que corpo partem.

Não sei se me hei-de deixar ir só apertada entre todos aqueles corpos, balançada de

um lado para o outro, onde mãos se aproveitam do meu corpo, ou se me hei-de

agarrar aos varões, mais exposta ainda.

Sinto pelo meu corpo várias mãos, e as respirações ofegantes.

Quando quero largar o varão, sinto uma mão que me levanta a saia, e fico quieta a

sentir-lhe o calor que quase queima.

Devagarinho a mão sobe, arrastando-se pelas minhas pernas, esperando pela

reacção; devagarinho, também, entreabro-as, para ela se ir pousar onde deve.

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