
O bar agitado de vozes, vozes distantes que mal oiço,
o piano ao fundo, cantando solitário, embala-me o pensamento
embrulhado no fumo do cigarro.
Levanto-me para ir ao toilette, a porta trancada faz-me esperar no hall,
a porta do lado masculino abre-se para meu embaraço,
afasto-me ligeiramente e quando o fito vejo uns olhos negros, profundos,
fica parado a olhar-me, admirando-me ostensivamente...
...Quer aproveitar...? hesito ...Fico a guardar-lhe a porta... sugere.
Esgueiro-me por debaixo do seu braço e pela porta entreaberta,
entro no reservado e fecho a porta.
Quando saio vejo-o encostado na porta,
silencioso... sorrio,
dirijo-me ao lavabo e olho-o pelo espelho,
aqueles olhos negros... humm
enquanto lavo as mãos sinto-o aproximar-se,
as suas mãos tocam-me suavemente,
depois começam a percorrer-me, fortes, intensas,
os olhos parecem faíscar,
a boca percorre-me a nuca, o pescoço...
As suas mãos, agora possantes,
dobram-me sobre o lavatório, levantam-me o vestido...
sinto-as percorrer o calor húmido do meu sexo,
no espelho apenas vislumbro os olhos negros,
enormes, brilhantes,
... sinto-o entrar em mim, quente, vibrante...
deixo-me ir...
Ahhhhhh
Enxugo as mãos num papel enquanto me compõe o vestido,
abre a porta, espreita o hall vazio e faz-me um sinal para sair,
uma vez mais esgueiro-me por debaixo do seu braço, agora para sair...
já do lado de fora, viro-me e dou-lhe um beijo nos lábios rosados...
Merci...